Quando eu me vi poeta

Quando eu me vi poeta

O verso era reverso

O março era remorso

Desfazendo o drama

Refiz o verso

Rimei com março

Cobri a trama.

Quando eu me vi poeta

O descaso não vinha ao caso

O largo tornou-se raso

Desatando a sangria

Refiz a poesia

Rimei o caso

Abracei a alegria.

Quando eu me vi poeta

O medo emudeceu

A dor adoeceu

O verso se fez chama

Refiz o poema

Rimei o meu eu

Amei a dama.

Quando eu me vi poeta

Entre a hora e aurora

A dama adormeceu

Beijei o poema-dona

A rima se perdeu

Te vi como Matrona

E eu o teu plebeu.

Quando eu me vi poeta

A vida já fora vivida

Amarga margarida

Afaguei o mar

O traço iluminou

A lira despertou,

Mas não sei poetar.

Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 27/09/2018
Código do texto: T6461366
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