Ao nascer do sol

Bem cedinho, ao nascer do sol,

já começava o labor...

menina, sempre menina,

voltando à escola...

No ombro sacola pesada,

quase sempre recheada

de livros, cadernos,lápis,

caneta,régua, apontador...

mais tudo que precisava

pra espalhar um saber

que sabia não lhe pertencer

se não fosse pra ensinar.

Um hábito? Uma vocação?

Um vício? Predestinação?

Se parasse pra se perguntar

nem mesmo sabia

porque sempre retornava.

Pelo salário tão minguado?

Pra honrar a promessa

feita a si mesma em criança

em um remoto passado?

Pra sair da mesmice

de um trabalho braçal

que certamente a esperava

sem outra qualquer opção?

Se acaso houvesse um tempo

pra se perguntar...

não saberia a resposta,

aquela mesma que esperava,

dos alunos desatentos...

porque sem querer se tornava

máquina de repetição.

E dia a dia seus gestos

eram quase iguais...e monótonos.

Quase um trabalho braçal

como lhe era exigido...

por alguém que havia esquecido

que um dia havia sonhado...

Assim, todos os dias,

às primeiras luzes suaves

do amanhecer

saía a menina, com seus pertences,

levando nos ombros projetos alheios

ao seu querer...

Mareluz
Enviado por Mareluz em 20/10/2018
Reeditado em 20/10/2018
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