Chuva Sagrada

Os olhos deles me rasgam de dentro para fora.

A minha vida se vai, escorrendo em gotas de sangue,

Diluindo-se em meio a água da chuva que cai,

Descendo pelos bueiros da cidade.

Morrendo.

Eu já estou há tanto tempo ali.

Uma flor caída no chão.

Eu caindo no buraco sem fim.

A rua está vazia.

Quando a flor não puder mais resistir

Ela também será levada pelas águas dessa chuva.

Então serei apenas eu estirada no asfalto.

Caindo no buraco sem fim.

Tingindo o mundo de vermelho

Em espasmos de insanidade.

Eu choro.

Eu vejo tudo daqui de cima e choro.

Choro a chuva sagrada que dilui a minha vida.

A chuva sagrada que a leva pelos bueiros da cidade.

A chuva sagrada que arrastará a flor.

Schmetterling
Enviado por Schmetterling em 11/09/2007
Código do texto: T648471