Chuva Sagrada
Os olhos deles me rasgam de dentro para fora.
A minha vida se vai, escorrendo em gotas de sangue,
Diluindo-se em meio a água da chuva que cai,
Descendo pelos bueiros da cidade.
Morrendo.
Eu já estou há tanto tempo ali.
Uma flor caída no chão.
Eu caindo no buraco sem fim.
A rua está vazia.
Quando a flor não puder mais resistir
Ela também será levada pelas águas dessa chuva.
Então serei apenas eu estirada no asfalto.
Caindo no buraco sem fim.
Tingindo o mundo de vermelho
Em espasmos de insanidade.
Eu choro.
Eu vejo tudo daqui de cima e choro.
Choro a chuva sagrada que dilui a minha vida.
A chuva sagrada que a leva pelos bueiros da cidade.
A chuva sagrada que arrastará a flor.