culminâncias

Culminâncias

Se o tempo culminar em espera

O que fora doce amarga a hera...

Na descoloração sombria dos desejos

Sibila o gozo empapado beijo

E faz-se do amor seu regaço em pejo.

O que te foi vida palpita o estro

Do encanto daquelas primaveras

Floradas ainda no teu cedo...

A invernal presença desses núncios

Pôs-se a vibrar à anunciação do ledo...

Aqui o agora faz-se realidade

No manto límpido da saudade

A sobra do que te foi desejo.

Para o que sobrevive à memória

Nesta opaca procissão de erros

Lembrando o dia em que foste glória.

Toma das mãos que te acalentavam,

Palmadas em horas de desespero,

Que, afinal, a sobra das horas lesadas

É como este fim de noite tempestuoso,

Deixado aflorar em teu desassossego.

Ao fim das tardes folhas derrubadas

Dizem adeus ao qual faltam palavras,

Visto que esvoaçam até o galho seco

Entre folhagens mortas de passagem

Postas no espaço da antes alegria,

Retratadas na sobra do hoje velho

Bardo descontando dias postos fora...

Por isso o tempo que se faz presente

Impõe-se à saga viajada a outro

Tempo escorrido em horas divididas...

Talvez agora, em que te sobra tempo,

Possas sorrir do choro descontente

De quando o riso não te satisfazia...

Assim, se o tempo passado e presente

Culminarem na espera da doce hera

A descoloração será aberta ao gozo,

O mesmo que telara na antiga raiva

Antes sobrada de impetuosos voos,

Hoje pousando no cansaço afoito

Do dia feito espera, topado morto.

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sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 24/10/2018
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