Aberração

Eu gostaria de me desculpar.

Por não ser assim tão normal.

Gostaria de lhe dizer,

Que apesar de parecer,

Não sou assim tão, tão mau...

Eu até queria ser como um anjo.

Mas com um demônio me pareço.

Não sou agradável ao olhar.

E quando me ponho a andar,

Todo mundo sobe

Se por acaso eu desço.

Eu até desejei agradar.

Vivi tudo aquilo que eu não era.

Até que um dia cansei,

E solitário então, me rebelei.

Vá! E por favor, não me espera.

Eu até queria ser como um anjo.

Mas com um demônio me pareço.

E para isso remédio não há,

Tampouco forças pra lutar.

E desse bem (mal) eu padeço.

Nem sei se é conformismo.

Talvez seja aceitação.

Mas a lonjura não mais me assola.

O teu asco nem mais me importa.

Já amo mais a solidão.

Acho até que sou um ET.

Uma horrível aberração.

Eu nem sou desse canto.

Mas isso não me traz pranto.

Nem sequer desolação.

Eu até queria ser como um anjo.

Mas com um demônio me pareço.

Isso até que é interessante,

Pois afasta gente irritante.

Só vem a mim quem eu mereço.

Eu nem sou daqui...

Fábio Rocha Borges
Enviado por Fábio Rocha Borges em 28/11/2018
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