"maresia"

mar aberto, mar adentro

com o corpo doendo

ir vencer, latitude e longitude,

ir arrebentar na costa

madeirame, viga por viga

ir quebrando feito onda

navegar até achar o mundo

ou me perder, mar oceânico

mar de vastidão, o corpo

doído estalando prestes

a tombar, náufrago

ir dar do outro lado

atravessar o mar deserto

o mar calcinado, o sol

sempre a pino dentro de mim,

náufrago, ir de encontro

à praia viva repleta de conchas,

solitário me vencer pela audácia

pelas correntes que passam

em meu corpo salgado,

mar de fogo, mar de louco

ir até achar o mundo

ou me perder, o mar profundo

a água de um azul soturno

a água é tudo o que há

em mim, ir quebrando

bater contra o leito

mar de rotas, mar de ventos

a terra firme que se aproxima

some, desaparece no horizonte

mar de sonhos, mar de estrondos

as ondas batendo enquanto

meu corpo se decompõe,

o mar estreito e sinuoso

que só concede um caminho,

sem paradeiro morrer

sozinho em seus rochedos

mar de pedras, mar de trevas

as águas negras traiçoeiras

que me levam e me crestam

mar de algas, meu corpo

parte-se em plâncton e brilho

ir de encontro ao desafio

mar morto, mar vivo.

cassia fistula
Enviado por cassia fistula em 13/09/2007
Reeditado em 14/09/2007
Código do texto: T651398