Conheço o Chão Onde Piso
 
São grossas as minhas solas,
A barra da saia está suja.
Encrustados no tecido
Estão os perfumes mais doces
E a lama nauseabunda;
Conheço o chão onde piso.
 
Sei precisamente o que
Está depois do horizonte,
Entendo o amanhecer,
As águas dos rios e as pontes.
 
Eu sei dos besouros afoitos
Pousados em cada moita,
Dos cantos dos passarinhos
E do ruído imperceptível
Do seu pouso silencioso.
 
Conheço a voz de Baal,
Eu conheço a voz dos homens,
Mas ouço as vozes dos anjos.
 
A água da fonte passa,
Recolhe a lama das margens,
Toneladas de pedrinhas
E leva na enxurrada.
A água da fonte passa, 
Constrói o limo das pedras,
Proteção aveludada
Que mantém limpas as mágoas
E leva, em deslizes súbitos
Os pés que pisam mais duro
Para o fundo das suas águas.
 
Conheço o chão onde piso,
E os rostos que cruzam comigo,
E o que os olhos dizem,
O que as bocas não proferem
Mas ferem, mesmo caladas.
 
Conheço o chão onde piso,
Por isso, meu passo é firme,
E tanto faz, se eu sigo
Sozinha em minha jornada:
O destino que me aguarda
É o mesmo de toda gente;
Daqueles que foram tudo,
Dos que hoje ainda o são
E dos que não são mais nada.

E de Jacó Filho, a linda interação:




CHÃO QUE PISAS

Vejo o poeta mergulhar em si mesmo,
Escutando a voz, do espírito desnudo,
Pra descobri o novo pertinente a tudo,
Que em planos físicos ocorrem a esmo.

Os petiscos doces dão sabor aos viços,
Escrevendo a vida, nos livros sagrados,
Inspirando os poetas, ao belo dedicado,
Traduzirem em poemas o que foi visto...

O chão que pisamos não muda o tempo,
Nem o ardil celeste, faz no ser humano,
Sem que una ao belo, sagrado e profano...

Postos num livro para Deus, um templo,
Onde os mandamentos se manifestando,
Dão aos olhos, o mundo se modificando.


Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...




Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 25/12/2018
Reeditado em 17/01/2019
Código do texto: T6535081
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