Carneiros

CARNEIROS

Com o coração em pedaços,

lembrando nossos irmãos nordestinos,

que não fazem parte do Brasil verde - amarelo.

As promessas de melhores dias

acompanham vida afora.

A humildade fica estampada no rosto,

quando recebem restos das sobras dos poderosos.

Eles não carecem de esmolas,

Carecem de trabalho.

Mas que podemos fazer...

com fome e sede quem brinca?

Meu pai, Milton Amaral (92) me diz:

” Filha o latido dos cães sempre foi o mesmo,

somente mudou os nomes dos cachorros”.

João Cabral de Mello escreveu, MORTE E VIDA SEVERINA,

Euclides, Os SERTÕES, a nossa Raquel, O QUINZE.

Não foi dada atenção ao protesto dos intelectuais,

muito menos ao grito do povo.

Não há remédio quando não há interesse na cura.

O trabalhador do campo, das grandes cidades,

das populações indígenas ainda continuam

sem condição de vida e sem cidadania.

Anjo salvador!...

derramai vossa benção,

não deixeis nosso irmão

perder a dignidade,

e a fé no novo amanhecer,

nem que seja só repleto d’ água.

Rita de Cássia Fernandes Araújo
Enviado por Rita de Cássia Fernandes Araújo em 15/09/2007
Código do texto: T653537