O ANDARILHO

Da poeira da estrada o sujeito

Um entre tantos andarilhos

Na travessia de seu caminhar

Houvera tiranos e caudilhos

Esconderia qual segredo

Vencido momento de medo

Apertando os nós no peito

Arrisquei-me perguntar:

Quem era, de onde vinha

Amigo ou inimigo da rainha

Olhar de fera, fitou-me sério

Mostrou-me uma cicatriz

E outras de batalhas diversas

Contra romanos e persas

Aprendera ser todo dia aprendiz

A desvendar novo mistério

Será que dia descobriria

Por que o trovão dá grito de dor

Se é o raio quem dá a luz?

Por que Sol promete calor

Tarde brilhante e de repente

Noite fria e escura sem vela?

Que hora a verdade se revela

Quebram-se ovos de serpente

E sabe-se quem está com a gente?

Sem mais fez-se silente

Apontou o horizonte à frente

Murmurou ao ir embora:

A Boca é caixa de Pandora

Bem melhor manter fechada

E sumiu na poeira da estrada

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 13/02/2019
Código do texto: T6574016
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