Caminhada

As palavras cobertas de imensidão

Enquanto eu as sinto rasas

É como escutar o estalar da lareira

Apesar de só ver brasas

E a vida me cobra aos quatro ventos

Ao passo em que eu corro a minha maneira

Até que ela me marque como um de seus detentos

Entre os grilhões de sua tortura sorrateira

O que há de ser humano?

Se não um emaranhado de adjetivos

Cujo nenhum deles é seu perfil

Calha que se sobra o fracasso mundano

Sobre o corpo de cada um dos cativos

Obsoletos ao tentarem se identificar

E mesmo com isso, eu rastejo

Acabado, mas ainda consciente

Atrás do que me for desejo

Embriagado de vontade de ser gente

Até que me faltem pernas

E que essas me falhem o passo

Eu que não aceito algemas eternas

As quais tornam o meu pisar falso

Cubro-me de mil peles

Sacio minha eterna fome

Onde me quero grande e não reles

O que há de ser em "ser humano"

São os cantos que te encantam e te marcham

Contra a possibilidade de acabar como mais um ser mundano

PPFL
Enviado por PPFL em 17/02/2019
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