Caminhada
As palavras cobertas de imensidão
Enquanto eu as sinto rasas
É como escutar o estalar da lareira
Apesar de só ver brasas
E a vida me cobra aos quatro ventos
Ao passo em que eu corro a minha maneira
Até que ela me marque como um de seus detentos
Entre os grilhões de sua tortura sorrateira
O que há de ser humano?
Se não um emaranhado de adjetivos
Cujo nenhum deles é seu perfil
Calha que se sobra o fracasso mundano
Sobre o corpo de cada um dos cativos
Obsoletos ao tentarem se identificar
E mesmo com isso, eu rastejo
Acabado, mas ainda consciente
Atrás do que me for desejo
Embriagado de vontade de ser gente
Até que me faltem pernas
E que essas me falhem o passo
Eu que não aceito algemas eternas
As quais tornam o meu pisar falso
Cubro-me de mil peles
Sacio minha eterna fome
Onde me quero grande e não reles
O que há de ser em "ser humano"
São os cantos que te encantam e te marcham
Contra a possibilidade de acabar como mais um ser mundano