Barco

pedra preta sentada no ori

submerso

o roncó ria o riso traquino dos filhos

a mãe criadeira e seu yawó

recém-nascidos a caminho do Tó

Xaorô mancando o espaço sonoro

vai e vem ao Balué rindo

Omin Eró vestindo o corpo em folhas santas

alá resguarda o traquina Erê atento

roncó que guarda ânsia

do filho parir ao som do Orunkó

matéria fria cansada do pé ao vento

tarde quente o sono passa

atabaques quase cantam o banho do sol

acorda o barco esquecido do mar navegar

consciência de santo feito não sai de cima da Enim

corria solto às vistas de Ogum

quando Oxossi não vinha primeiro

era Oxum que descia na frente

virando o barco inteiro.