MARTELO

A caixa de gás casbônico

vai à frente.

Dançando entre aqueles que ainda respiram

- Um cortejo.

Que roubem um ao outro o ar.

Eu sou o menino que vai por último.

A espera.

Uma gravatinha alinhada.Sapatos engraxados

e um terno encomendado da vizinha.

Velha triste...a tecelã de sonhos.

Tudo bem comportado como a corte de um rei mau.

É a vida essa bigorna.

E na morte eu não ouso definições. Outra espera.

Sempre nos dizem

o quão somos pequenos ou grandes

para dizermos sobre as coisas.

Então eu penso.

Penso agora uma lágrima e um sorriso

- É o bêabá de quando ainda somos um feto.

Isso me lembra soldadinhos de chumbo enfileirados

marchando rumo às suas casas.

Um banquete de tudo os aguarda.

Fizeram excelente trabalho.

Aqui todos vão chorar em breve.

E todos vão rir quando da chegada do dinheiro.

- Assim são os bons homens

e não raro o são os cretinos.

pedro amaro
Enviado por pedro amaro em 21/09/2007
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