FÉ DE TEMPORAL

Conheço a banda fétida da vida.

Senti seu cheiro tosco, vi seu rosto morto.

Percebi sua compleição onipotente,

Ao dominar a mansuetude do escasso,

Enquanto fazia de mim um tanto indigente,

Mesmo antes de seu podre abraço.

Distingo a peça aterrorizante dos impostores.

Capto sua alma escura, ouço seu rugido calado.

Creio que padecem por deficiência da cor,

Essa que clareiam todos aqueles que são,

Os que utilizam de suas vistas pra ver,

E vem beleza até onde os belos não estão.

Ainda assim prosseguem os improdutivos.

Esses que não acrescentam, nada constituem.

Sei que residem na desgraça desatenta,

Na ausência de sagacidade e fria agudeza,

Dos ingênuos que indagam a beleza,

E esvoaçam aleluias aonde dura a hipocrisia.