Tempo do vigor ansioso

Quando discreto me insinuo

E dou sentido ao amor

Como se deus e o diabo

não existissem

a vida rasasse

O cansaço dos dias

E a morte espreitasse

O sono das cotovias

Devaneias

«Quando as coisas que me são estranhas»

Me arrebatam ao teu desejo agudo

Como se esta dor

Que me crispa

Fosse o calmo abjurar

Dos beijos

Soprados no limite

Da impúbere noite sem memória

Fantasias

Quando ambíguo

Tudo contemplo

Como se esta luz indefinida

Fosse o halo opaco

Secreto cheiro a cio

A perfazer o amor

De um outro céu

Uma outra pátria

Que espero em desespero

Sonhas

Pergunto-me a mim mesmo

Como se esquece a vida

Que se espera sem esperar

Que a morte consentida

Contente de tristeza

Devore

O corpo que anelávamos?

Horta, Setembro, 2007

In: Diário dos dias Brancos