O dia em que eu morri.

A guerra surgiu do quase nada

Parecia uma panela de pipoca

Era como amor desenganado

Matraquear de morte feito pororoca

Meus olhos sangraram medos.

Pensamentos de ave de rapina;

Romperam choros em segredos

Quando cortaram os fios da minha sina.

Olhei para um céu de espanto

E vi quase tudo o quanto eu era;

Dentro do peito eu não via nada santo

Mas no coração queimavam as quimeras

Não tive nem tempo de ser cristão,

Pois a morte já me era indiferente;

Quando fui mostrar a outra face

Eu já estava machucado injustamente

As fronteiras e os muros resistiram,

As luzes se esconderam das sacadas;

Alguns homens já morriam só de espanto,

Muitos outros a balas e pancadas.

Das crianças cachoeiras e cascatas

De lágrimas vãs e desmedidas

Rolavam dos seus olhos espantados

Entre os dentes do dinheiro suas vidas

E eu, morri assim, nem foi de rir,

Foi das armas que saíram dos armários,

Que, de contra senso, armados até os dentes,

Pois, há muito, já não eram inocentes,

Já faziam dos fuzis seus relicários.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 03/05/2019
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