Transversal
As ondas transbordando nas calçadas
Que perigo
São como as palavras quebradas rasgadas
Diluídas em médio tom
Que rumino ao longo dos dias
Até extrair delas o princípio ativo assimétrico
Fora do ritmo dos rumos e dos referenciais.
Gotejante nasce de mim
A poesia transubstanciada
Multinominal que não se aparta do prazer
A poesia dos séculos irrompidos
De uma só vez
Num único instante dentro de mim
Que canta ao vento os meus conflitos
Pontos flutuantes
E minha existência transversal.
Gotejante a minha carne se infiltra de vida
O sangue mais vermelho
Numa síncope que logo passa
Em segundos-luz invisíveis.