Entre os Oito e os Vinte e Dois Anos

Aos oitos anos,

Quando eu piscava os olhos e via tudo

O que se apresentava à minha frente,

Queria perguntar a cada um que passava:

"- Ei! Tu vês o mesmo mundo

Que é absorvido

Pelos meus sentidos?

- Ei! Tu vês o verde das folhas presas

Entre os galhos marrons nas árvores

Além daquela que cai apodrecida e vermelha?

- Ei! Tu vês o azul do céu durante o dia,

Ou o amarelo da lua cheia

Coberta na noite por nuvens vazias?

- Ei! Tu ouves os gritos desesperados

Da menina na rua esfomeada,

Juntando-se aos roncos insensíveis dos carros?"

Naquela idade eu nada perguntava

E permaneci calado,

Com medo de ouvir como resposta:

"- Não! O meu é outro, diferente do teu!"

Temo ouvir agora:

"- É exatamente tudo o que sinto e vejo!"

Ah! Meus Deus!

Aos vinte e dois anos,

Ter um mundo único é tudo o que desejo!

André Espínola
Enviado por André Espínola em 27/09/2007
Código do texto: T670568
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