Entre os Oito e os Vinte e Dois Anos
Aos oitos anos,
Quando eu piscava os olhos e via tudo
O que se apresentava à minha frente,
Queria perguntar a cada um que passava:
"- Ei! Tu vês o mesmo mundo
Que é absorvido
Pelos meus sentidos?
- Ei! Tu vês o verde das folhas presas
Entre os galhos marrons nas árvores
Além daquela que cai apodrecida e vermelha?
- Ei! Tu vês o azul do céu durante o dia,
Ou o amarelo da lua cheia
Coberta na noite por nuvens vazias?
- Ei! Tu ouves os gritos desesperados
Da menina na rua esfomeada,
Juntando-se aos roncos insensíveis dos carros?"
Naquela idade eu nada perguntava
E permaneci calado,
Com medo de ouvir como resposta:
"- Não! O meu é outro, diferente do teu!"
Temo ouvir agora:
"- É exatamente tudo o que sinto e vejo!"
Ah! Meus Deus!
Aos vinte e dois anos,
Ter um mundo único é tudo o que desejo!