Moribundo

Era um velho homem com seus botões

E eram muitos botões... E casacos sem botões

Ou quem sabe eram camisas de força

Onde ele repousava sua sanidade

Era o mesmo homem... Cansado mas vivo

Vivo aos auspícios da morte... Solitário

Ouvindo o ranger das molas da cadeira de balanço

Contando os passos do relógio... Chegando ao fim

Era um homem... Velho jovem homem

O mesmo homem de respeito... Agora triste

Desperdiçado tempo vivido... Agora morto

Vivo-morto... Implorando à vida misericórdia

E o homem da funerária sorrindo... Vivo

Dinheiro vivo... Do finado compadecido

Pagando seu jazigo... Tão morto quanto vivo

Pagando a hipoteca... E os pecados mais secretos

Agora descansado... Corpo despedaçado

Mais morto do que vivo... Gelado ao pé do ouvido

As vozes do outro lado... Olhar apavorado

Tão vivo agora morto... Deitado endurecido

E termina o funeral... Uma salva de tiros

Agora vou indo embora para continuar morrendo lentamente

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 27/08/2019
Código do texto: T6730252
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.