A força de Zé da Pinga

A vida em Tortuga

é a vida em Tortuga,

nem mais nem menos:

apertada, pau a pique,

vida de sururu

que bebe água de bacalhau.

Ao passar pelo portão,

(sempre escancarado)

deve-se abandonar as ilusões.

Este aviso deveria estar inscrito

à entrada,

mas a surpresa faz parte do jogo.

Ao entrar aqui Zé da Pinga

disse que a gente

(eu, Nó Cego e o Alagoano)

era “piá novo, criados com papinha

e sucrilhos”

e não aguentávamos o tranco

da vida,

muito menos a vida num lugar

como Tortuga.

Ontem soube que Zé da Pinga

se mudou,

não aguentou seis meses

no inferninho.

Só queria ter perguntado:

você não aguentou seis meses

e eu estou aqui há cinco anos,

quem é que come sucrilhos

e papinha agora?

Grouchesco
Enviado por Grouchesco em 04/10/2019
Reeditado em 07/10/2019
Código do texto: T6761092
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