A MENINA DOS FÓSFOROS... BRASILEIRA

Ali, bem no cantinho, ela espia,

Observa, pede só um carinho, acena

Ela esfria, absorve a pena.

É a menina dos fósforos,

Morrerá no gelo tendo visões, ilusões de apóstolos.

Morrerá à espera de que lhe atendam o apelo,

esperançosa de corações que lhe comprem os fósforos e a salvem do gelo.

É Natal, pregam que seja feliz,

desejo natural,

aqueçam-se os corações nos imensos brasis.

Risca um fósforo,

dormem as mãos,

acabam as opções.

O último fósforo riscado

Queima-lhe o dedo,

o fim é sacramentado.

Andersen não a poupou daquele medo.

Morreu a vendedora de fósforos entre os sonhos e alucinações,

ela fria na neve.

Morrem outras aqui e ali

Entre frios corações, tombarão em breve

Olhando mesas postas atrás das cortinas.

Neve em almas ante as vistas das histórias brasileiras,

nordestinas e sulistas

Frias em grandes geleiras.

As vendedoras de fósforos, no calor tropical

Também esfriam

Ante pregações dos apóstolos,

Políticos do território nacional,

Que delas surrupiam.

Dalva Molina Mansano.

24.12.2019

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 26/12/2019
Código do texto: T6827149
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