SOB A CHUVA
Sinto o perfume da terra molhada,
Aroma de chuva sobre alecrins,
malvas e macelas, hortelã ardente,
arruda e avenca, alfavaca e rubis.
Manjericão em verdes vales, campinas,
Temperos sobre esta vida agreste.
Na língua, essências, seiva, mel, sabores,
Da brisa, sugo a uva e aspiro odores,
De outrora e de hoje, o bálsamo sobre mim.
Agitam-se batidas em meu peito,
Caminhar a esmo sob a chuva é tão bom.
A passos largos dou-me este direito
De um quê de romantismo longínquo,
Da cavalgada em sela de espuma.
Pés na areia macia, bordada por nuvens
E pelas últimas estrelas caídas.
Inundam-me, uma a uma, as gotas na roça,
Do algodoal, da mina d'água corrente.
Abraço o momento, para que possa
Banhar-me, enfim, na límpida vertente.
Dalva Molina Mansano.