Um verso, dois versos, três versos paraplégicos
E quando os pássaros se calam
E nada mais faz sentido
Quando eu grito, eu choro e perco o juízo
É tudo muito prolixo.
É como o vento, suave, forte, mestiço.
É como a lua, alta, linda e sozinha.
É como o amor, triste, feliz, grotesco ou conciso.
Evitar a dor de hoje é esdrúxulo
Como o súbito sopapo na cara
O que vir amanhã? O que é hoje? E por que aconteceu ontem?
Faltam-me versos, vocábulos, letras, palavras por incomensurável dor
À noite sento ao meu jardim
Parafraseio versos, grito, choro e penso...
As sombras encobrem meu rosto em lua de cetim
Onde uivam os grandes amores.
Fico a pensar, se o tempo não andasse seria um castigo de Deus
E se ele parasse nesta monotonia que já é o dia
Só sobraria eu e minha agonia.