Endereço
Contemplo o asfalto reluzente, de longe parece aceso. Quanto da noite é você?
Quanto de sua pele estampada nos muros onde meu olhar vagueia.
Quanto de mim nesta teia de úmidos caminhos. Dos carros, quantos rugidos ouvirei sozinho, sonhando em silêncio, o corpo coberto de sombras.
Que palavras procuro se já estão entre seus dentes, tragadas no derradeiro beijo.
Quanto deste exílio é voluntário.
Quanto de meu peito libertário terei relegado ao mau tempo. Que importa...
O porta voz desse amor segue seu curso, ileso. Leva nos bolsos a curta mensagem borrada de chuva, imersa em desejo.