Do sono e da utopia

Estou repleto de vazios.

Minhas palavras

reverberam no silêncio.

Só assim para escutar o íntimo,

sentir o âmago das reminiscências.

Tudo o que se foi

é tudo o que me resta.

É o que me constitui

e o que me corrói.

Por isso preservo os escombros,

uso-os para constuir pontes invisíveis

que levam a lugar nenhum.

A vida é sonho, e não realização.

Portanto me deixa dormir.

Portanto não me permita acordar

Viver é uma utopia.

E estes não são tempos

para se sonhar acordado.

Rodolfo Kowalski
Enviado por Rodolfo Kowalski em 07/03/2020
Reeditado em 07/03/2020
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