Do sono e da utopia
Estou repleto de vazios.
Minhas palavras
reverberam no silêncio.
Só assim para escutar o íntimo,
sentir o âmago das reminiscências.
Tudo o que se foi
é tudo o que me resta.
É o que me constitui
e o que me corrói.
Por isso preservo os escombros,
uso-os para constuir pontes invisíveis
que levam a lugar nenhum.
A vida é sonho, e não realização.
Portanto me deixa dormir.
Portanto não me permita acordar
Viver é uma utopia.
E estes não são tempos
para se sonhar acordado.