Nova poesia da falência

Não há mais nada.

A revolução foi calada,

A primavera passou,

A voz sufocou,

A pedra caiu

E eu entrei no vazio.

O brilho das estrelas perdeu-se em mim.

Eu digeri

A lua,

Faminto,

Exagerado.

Minha mãe, me ajude a ser poeta mais uma vez.

Porque ser poeta é ser alguma coisa

Além do que eu sou,

E sozinho eu não sou.

Sozinho eu só consigo ser eu mesmo.

Sem calor,

Sem fervor.

Eu só consigo ser eu mesmo,

Pedra bruta,

Opaca.

Não consigo fazer funcionar a poesia,

Nem desvendar os segredos,

Nem desvendar as manhãs.

Pois ser poeta não nasceu comigo,

E eu me perdi em tentativas.

Me perdi nos meus interiores,

Na essência pastosa,

Verde,

Fria e silenciosa,

Que passa a muito custo.

Me perdi num macaréu de emoções

Que não suportei,

Que não suporto.

Eu não consigo nem mais dizer

O quão diluída e apagada é minha tez.

Minha mãe, me ajude a ser poeta mais uma vez.

Rosiel Mendonça
Enviado por Rosiel Mendonça em 10/10/2007
Código do texto: T688454
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