PONHAM A CULPA NO VÍRUS

De repente, um temor profundo

Do outro lado do mundo

Lá pras beiradas da China

Onde a Terra Plana termina

Surgiu doença que a Medicina

Não sabe ainda exterminar

De repente, a gripe se espalha

Morrem milhares na Itália

O Papa espirrou na Janela

A Capela Sistina decidiram fechar

Morreu gente na Espanha,

Na Alemanha, em todo canto e lugar

De repente, fecharam-se os caminhos

Cada um por si e todos sozinhos

O mundo do avesso, nada mais importa

Para piorar, mas que falta de sorte

O mal escorrega do hemisfério Norte

Está bem ali batendo na porta

De repente, voando no ar o perigo

Proibiram o aperto de mão

Nada de abraço no amigo

Crentes desprezando a Salvação

Ignorando o caminho do Céu

Estapeiam-se por um pouco de Gel

De repente, morre pobre e bem parido

Qualquer plano perde o sentido

Não se sabe se o dia nascerá amanhã

Proibiram o futebol, o banho de sol

Nada de compras ou ir ao cinema

O lema é combater aquela febre terçã

De repente, não se pode ir a esquina

Imortais morrendo de medo

Será assim quando a vida termina?

Pecadores contando segredo

Nunca revelado em confissão

Faltou padre pra tanta unção

De repente, até o amor vira pecado

Ordenam o lugar onde devo ficar

Será que posso, ao menos, sorrir

Vem a memória recente passado

A vontade de sair à rua e gritar:

“É proibido proibir... É proibido proibir””

De repente... tudo bem... tudo bem...

É o Apocalipse prestes a chegar

Vêm-me à cabeça aquele receio

Que todo poeta decerto o tem

Falte-me a palavra para rimar

A derradeira poesia não terminar

Reste um verso quebrado ao meio

Por causa de um vírus solto no ar...

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 21/03/2020
Reeditado em 21/03/2020
Código do texto: T6892923
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