A Cidade onde nasci

A cidade onde nasci

com seus setenta anos de criação,

com sua democracia desde sempre,

com sua desigualdade,

Que não se sabe de onde veio.

com suas plantações de soja,

para porcos da china,

onde até ontem havia árvores.

E seus fundadores,

vencedores no sorteio de terra

da loteria do governo que dava,

até a pouco tempo tirando dos índios.

Índios que não tinham armas,

que foram levados para reservas,

que foram deixados a seus deuses,

que tem a proteção de um órgão federal.

Criado pelo governo,

para dar um jeito no problema,

destes índios sem terra,

porque a terra agora tem dono.

E foi fundada uma cidade nela,

sem cultura alguma,

só a cultura dos estrangeiros,

a cidade onde nasci.

Para vender soja a china,

para fabricar tecido da revolução de 1850,

para passar a carne que comem no norte,

para importar tijolos de lego,

para montar mini-mundos para europeus,

para crianças brincar nas margens rodovias,

para jovens beber e fumar o que não havia ali,

para padres catequizar os que ainda virão,

para mandar dinheiro a união,

para votar em máquinas compradas,

para assistir e torcer e comprar e vender,

morre r- para fazer hospitais,

para fazer escolas,

para o novo império funcionar,

Fruto de um antigo expansionismo,

que já fez suas vítimas e suas guerras,

que já navegou e trucidou o verde,

que já construiu e pavimentou as estradas,

que já engloba o mundo em um abraço.

A minha antiga nova cidade,

com seus prédios de trinta anos,

com seus habitantes sem história,

com sua prefeitura de prefeitos locais,

com suas poucas e fracas praças,

de quem nunca viu uma cidade antes.

com seus pedreiros que aprenderam na marra,

a construir e a tirar leite de caixas,

e a ler o jornal, e a votar e reclamar.

Eu que nasci lá e não sei de onde vim,

eu fiz amigos e os encontro em festas,

eu que vejo os americanos em toda a parte,

sem os ver em pessoalmente em parte alguma,

que sinto a termino da guerra e o medo de hitler,

que não vejo os comunistas que quase fundaram o mundo,

Eu que tenho cidade e não tenho cultura,

só a cultura das massas,

naturais em qualquer grande império,

com seus nomos, satrapias, províncias,

e seu povo, seus governantes e sua nobreza,

sob o governo do estado,

sob o governo federal,

sob o governo internacional,

sob o imperialismo do rei do mundo,

Que venceu a guerra ficou com a riqueza.

com seus profetas caídos em sarjetas,

com garrafas de cachaça produto nacional,

com seus jovens sem cabeça e

sem passado e sem perspectiva

que sabem tudo que passa na tele visão.

e não sabem o que se passa,

Na cidade onde nasci.

PAblo Poetry
Enviado por PAblo Poetry em 11/10/2007
Código do texto: T690003
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