O SOLDADO
Só sei das fronteiras que sangram
Aquém da certeza, além do tempo,
Na lama dum vale de esqueletos,
Trincheiras desertas e cercas
De arame farpado, reticentes
E austeras, no escuro.
Fulguram no céu desse então
Estrelas, medalhas, explosões,
Eternos olhares no inquirir
De causas, destinos, senões.
E o mundo só muda em quanto morre
Em chama infinita.
Suspeito de mapas vencidos,
Relatos de guias desonestos
E placas vendendo seus "Bem Vindo!".
Confio nas deixas do vento,
Nas queixas do agônico lamento
Que alcançam meus passos.
Florestas zumbis e clareiras
Discretas -- lembrança de querelas
Insanas demais até no abril.
Julguemos os mortos sem paz!
Viceja em remorso a gorda relva
Na espera sem fim.
Sei lá onde vão dar os atalhos,
As trilhas cediças, que destinos!
Prefiro tatear meu labirinto
Entre capacetes e rifles.
Só sei de partidas sem acenos
À margem, silêncios.
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