O sonho do cãozinho encolhido

Sou um etéreo ser de matéria banal.

Sou um fantasma escrevendo poesias!

Passo sem ferir o silêncio frugal

Quando atravesso essas salas vazias.

Nada me prende mais numa paixão

Que o labirinto torpe das palavras!

O sangue vai jorrando dessa prisão.

Vulcão na noite escorrendo em lavas.

E além das paredes meus sonhos se vão...

Acordando a noite, tão fria e escura.

Como uma completa desaparição.

Das sombras frias que as noites murmuram.

As aves piam baixinho

no vento gordo que se refaz

Mansamente eu sonho sozinho.

Como um cãozinho que dorme em paz