Os pintassilgos...

Passei dos cinquenta e ainda não me aborreço

de ouvir os pássaros fazendo festa pelo quintal.

E aqueles restos de dores que haviam em mim

partiram carregados de brandura e absolvições!

Passei dos cinquenta, mas ainda sonho com o

rio da minha infância; e com aquele cavalo baio.

Em minhas ruínas têm flores de cores variadas.

No meu outono os pintassilgos cantam pra mim!

Passei dos cinquenta e o que me mantem de pé

é esta vontade de viver; eu me escoro no desejo

de seguir em frente; mesmo que o meu cansado

corpo já não se baste para tudo o que eu anseio.

Depois dos cinquenta a gente fica corrompido de

meninices, sonhando com as muitas peraltagens

que eram a base da minha infância. Agora é este

corpo exausto a estear minha mente ainda sadia!