Margem do rio
Existem em mim duas vertentes
O que sou e o que querem que eu seja
Às vezes coincidem, se misturam,
Outras confrontam,
Cada um pra um lado,
Tencionam em partir,
Mas eu sou só uma,
Tento conciliar,
Errar não é natural,
O rio tem que desembolsar,
Seja qual for o mar,
O seu, o dele ou de qualquer outro,
Nunca se vai sozinha,
Levo comigo, consigo, de tudo,
A paisagem nem sempre é bonita,
Não depende só de mim,
Tem toda a terra, as arvores, o ar,
E tem os outros rios, perenes ou não,
Mas não posso esperar,
Ficar é loucura, é seca na certa,
Tenho que desembolsar,
Seja qual for o mar,
Não dá pra ficar a vida toda a margem do rio,
Esperando a corrente certa.