O sal da flor

Não posso impedir que a noite também se acabe...

E o sol venha tingir de vermelho a doce aurora!

Não fiz a grande viagem, sem volta tu bens já sabe!

além daquela idade, saudade é só memória!

Vago, pelo abstrato mar da solidão.

Sou um barquinho perdido na areia da praia

Entre rochas lavadas na consumação.

Um farol em ruínas sua luz já desmaia...

Afogando marujos num mar de paixão.

Deixei meu rastro, nas areias em silêncio.

Maresia gritando seu salgado perfume.

As paredes das rochas, palavras que invento.

Versos de vento e amores sem lume.

O mundo se esconde, atrás das portas fechadas.

Esfriam o afeto o carisma a simpatia e a confiança.

Procuro num livro uma flor desidratada.

Escondida a muito e já sem lembrança.

A mesma flor, que um dia entreguei aquela amada.

Saboreando o silêncio de um bilhete de amor.

Afinal de contas o silêncio é um gênio das palavras!

Que ficaram velhas no perfume da flor