mil noites

turva luz de carvão e ternura

fuga impossível,vão que nos chama,

que nos ama, nos evoca e nos

provoca, chama que se chama chama,

ardor que no barco sopra,

que as pradarias esclarece

que nos esquece, mas nos aquece

no fundo de sua cor, pode ser muro

ou monturo, suas formas se encantam

ao beijo da noite, à sua perna

de veludo, ao seu decompor de casas

conhecidas, das escolas mal escoladas,

dos risos sem gosto, ou espetado de

agonia maralina, a noite de fora

nem se compara a noite de dentro,

sem ter nada, tem tudo, do assombro

ao gosto de pernas das mais belas

ninfas, tão estonteante como apavorante, como

um vapor abafado, se instala como

um estado, como um adjetivo do mundo,

a noite que nos traga e nos devolve,

paradoxalmente, menos triste, menos

medroso, mais vivo e mais amoroso,

noite de tantos anos, da infância

que consome, da adolescência que busca,

e do adulto, que já não canta, mas

também, noite dos amores, dos gozos,

dos seios nas mãos, da boca quente

e dolorida de tanto prazer, noite

dos rapazes e das moças, das jornadas

pela madrugada, das coisas engraçada,

do sorriso maroto, tão bonito quanto

o primeiro namoro, noite que nos ama,

de forma severa, como hera, mas

nos assanha como afrodite, noite

percorre tudo, dos pés no chao

ás corredeiras de estrelas,

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 24/06/2020
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