INTENÇÕES
Violões, violinos, harpa longínqua,
Toco em mim suas distantes notas,
Conto segredos à atmosfera cinzenta
Entre neblinas e folhas pesadas de orvalho.
Prendo os cabelos em presilha malaguenha,
Ergo a roda da saia,
Para enfrentar o que sou eu e guardar-me,
Antes que me fira a espada.
Deverei rezar ou bailar nas cordas das guitarras?
Ainda não sei qual seria a melhor cerimônia.
Sou cidadã pacífica na maior praça da capital,
Faço reverências ao mendigo do banco
E busco remédio para os inválidos.
Trago à lembrança as paredes altas do antigo casarão, vejo seus moradores.
Sento-me à porta dele tragando
O perfume do rio nesta silente hora d das garças.
Reconheço os passos lentos passeando nas calçadas,
ecoando velhos anos em melodias
E bebo o último café da noite,
Como se fosse o primeiro da manhã.
Elegante, feito a dama europeia de tempos idos,
Sinto o calor do sangue correndo nas veias,
Ao ritmo das notas musicais,
E espero que brilhe a primeira estrela da manhã.
Dalva Molina Mansano
26.06.20