OUVINDO TANGOS DE GARDEL

Sem direção definida

Sigo fazendo coisas

Sigo vivendo a vida

Sigo dizendo palavras

Que esvoaçam pelo ar

E juntam-se às nuvens

Às vezes virando chuva

Outras, virando nebulosas.

O universo tem muitos caminhos

Todos sem qualquer sinalização

Arriscado, lançar-se em viagem

Na ausência de um bom guia

Que lhe saiba atalhos e roteiros

Que impeça o ingênuo viajante

De cair em ciladas, atoleiros

ou ser tragado por buracos negros.

Assim, sem guia que valha a pena

Melhor estar na calmaria de casa

Dormindo aos roncos após o almoço

Ouvindo velhos tangos de Gardel

Coçando frieiras e cerzindo meias

Esquecido de arroubos e bravatas

Pois, diante de vontade pequena

Melhor é ir plantar batatas. . .

- por Hans Gustav Gaus, Almirante Holandês, gozando férias escolares no Rio de Janeiro, no marasmo do início de noite de domingo, sem vontade de retornar para o Recife e reassumir seu posto, junto à Armada de Maurício de Nassau, em 28/07/2019 -