Penugens

Penugens

Um brinde aos poetas e também as musas...

As empregadas domésticas a suspirar nos portões.

Ao horizonte marrom, onde o sol vai sumindo...

Num amarelo-queimado, entre o ruído baixo

e as retorcidas faces do fundo das ruas.

A faixa comercial do amor

E a máquina registradora dos supermercados,

que cospem o salgado saldo, creditado ao lar.

As famílias de gesso, montagem de presépio.

Brindamos com sangue!

A haste do alto e a flor coronária a pulsar nesse drama.

Carrosséis e playgrounds...

Calejado coração de alumínio!

No azul pavano dos subúrbios...

Onde se vai o metrô no movediço

crepúsculo afundando-se!

Entre luzes e luzeiros e placas coloridas.

Camelôs se recolhendo, na paisagem férrea.

Entre prédios esguios, refratários das dores dessa cidade oprimida, cancro de arranha céus e buzinas.

Sirenes que gritam mergulhando nas ruas.

Meu barlavento, meu salário de metalúrgico.

No ar indecifrável, inflado de monóxido de carbono.

E o meu olhar a varar o miradouro do mundo.

O cantochão de tudo no tibungar dos ventos.

Francisco Cavalcante