O menino de rua

Em seus olhos desespero

O menino foge do desprezo

Corre rumo ao norte

E reza para afastar a morte

Que o aflige

Que o quase atinge

Ele se levanta, pede o pão de cada dia

Se recupera e procura a magia

Que foi derrubada em plena infância

Nele, que era apenas uma criança

Já não sonha mais

Já não brinca mais

O pobre menino ainda quer sonhar

Ainda quer brincar

Quer ir ao circo, ver o palhaço

Ainda ter sua mãe e ganhar um abraço

Sentir segurança

Voltar a se sentir uma criança

Sem temer o amanhã que virá

E, em paz, acordar

O menino que vive na rua

Sob os raios da lua

Desiste de seus sonhos de sorrir

Tudo que sonha é dormir

Fechar os olhos e ver

Tudo aquilo que queria ser

Fechar os olhos e sonhar

Para nunca mais acordar