hipocrisia
Ouço vozes cegas e às escondidas
Ditas por inimigos íntimos...
Até as crianças dos parquinhos
Aquelas que se fingem dispersas,
Pelos cantos das bocas, disfarçadas,
Reproduzem os meus ais em mil por um.
Os olhos gritam em silêncio
O que as bocas nem mais perguntam,
Os cheiros zombam dos meus paladares,
Enquanto os ouvidos se inquietam...
Estou imóvel em areia movediça,
Léguas e léguas do meu amor,
Enquanto a Amazônia queima de febre.
A pele ri das rimas esquisitas e esdrúxulas,
Mas os sentimentos não,
Eles roem a minha carne sem piedade,
Sem graça, sem sabor, sem cheiro...