O URUBU, O RATO E O MENDIGO




De um galho seco
o urubu observa o coiote morto,
O cheiro de carne apodrecendo
se espalha pela planície...
Não há pressa...
O que sobra é sempre um banquete.

 
Um rato observa o urubu,
é... Gosto não se discute.
Da miséria da planície
o rato sobrevive à sua maneira.
Anoitece, o rato volta para sua toca
e de peito inflado fala em voz alta:
Nada como ter o seu próprio castelo.

 
De um canto escuro, um mendigo
observa as pessoas numa praça,
Idiotas, escravos, filhos do cão,
trabalham como loucos pelo dinheiro.
Eu sou livre como os pássaros.
Acende um cigarro que pediu para alguém,
toma mais um gole de uma pinga barata,
se ajeita para dormir sobre um papelão
e se cobre com um pano fedido...

 
Amanhã é outro dia.








imagem = J.B.ROMANI / 2012