Liberta-me ... ó vento.
Grito ao mundo , que eu já me perdi...
Desafio o vento ... na minha vida;
Foram negros erros, que cometi.
Sangra a pétala por mim ferida.
Correu o sangue de dor e ternura,
dando a cor vermelha ... à doce flor
e nesse fruto, da minha loucura;
Foi apenas ilusão ... esse amor.
Cantem andorinhas na primavera;
Sedutora sereia ... que passou.
Meu Deus , como neste mar eu quisera,
gritar ao mundo, que a sereia amou.
Grito de louco, preso na garganta...
Tal como a rosa esmagada no vento,
o grande doido, que assobia e canta,
mas não varre meu triste pensamento.
Tira-me esta dor ... esta poesia;
Martírio que tenho no coração.
Vem a mim ó vento ... porque eu queria,
desfazer-me ... desta triste ilusão.
Essa mulher , que foi minha sereia;
Num leito de rosas eu fiz amor...
Como o seu perfume ... ainda me enleia
e em meus lábios ... está o seu sabor.
Varre de mim esta minha ilusão,
esse vento agreste lá do norte...
Vem ...limpa o amor deste coração,
tira de mim... esta tão ruim sorte.
António Zumaia
Sines – Portugal