Liberta-me ... ó vento.

Grito ao mundo , que eu já me perdi...

Desafio o vento ... na minha vida;

Foram negros erros, que cometi.

Sangra a pétala por mim ferida.

Correu o sangue de dor e ternura,

dando a cor vermelha ... à doce flor

e nesse fruto, da minha loucura;

Foi apenas ilusão ... esse amor.

Cantem andorinhas na primavera;

Sedutora sereia ... que passou.

Meu Deus , como neste mar eu quisera,

gritar ao mundo, que a sereia amou.

Grito de louco, preso na garganta...

Tal como a rosa esmagada no vento,

o grande doido, que assobia e canta,

mas não varre meu triste pensamento.

Tira-me esta dor ... esta poesia;

Martírio que tenho no coração.

Vem a mim ó vento ... porque eu queria,

desfazer-me ... desta triste ilusão.

Essa mulher , que foi minha sereia;

Num leito de rosas eu fiz amor...

Como o seu perfume ... ainda me enleia

e em meus lábios ... está o seu sabor.

Varre de mim esta minha ilusão,

esse vento agreste lá do norte...

Vem ...limpa o amor deste coração,

tira de mim... esta tão ruim sorte.

António Zumaia

Sines – Portugal

António Zumaia
Enviado por António Zumaia em 13/11/2005
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