Eu não sei



Eu não sei
Se as roupas estarão lavadas,
Secando alegremente a um sol de abril,
Se o chão terá sido varrido,
Se o fogão estará limpo,
E as flores do jardim, regadas.


Eu não sei
Se haverá tempo suficiente
Para terminar os muitos livros começados,
Abandonados no meio da leitura
Devido à ansiedade e à usura
De devorar mil páginas de uma vez.


Eu não sei
Se haverá tempo para despedidas
Das tantas pessoas há muito sumidas,
Esquecidas às janelas das casas
As quais nunca mais visitamos
Nem fomos visitadas.


Eu não sei
Se as contas do fim do mês
Terão sido devidamente pagas,
As faturas todas arrumadas na gaveta,
Cuidadosamente presas pela liga elástica,
O nome dentro da lei.


Eu não sei
Se a comida estará pronta e servida,
A cozinha, bem arrumada
E o filme, assistido até o final
Nesse enredo nada colossal
Dessa minha pequena vida.








 
 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 26/10/2020
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