Camisa e a vida

Arrasto os farrapos rasgados de minha camisa

Tão velha e perdida no decorrer desse tempo

Uma recordação de outrora onde via-se nova

Um presente dado por ti

É a única lembrança que hoje carrego

E não me despeço daquilo que me apego

Mas o relógio ardiloso por seu ponteiro incessante

Não se faria parar nem mesmo por um instante

Então tudo se desfaz como a tão sonhada roupa

Que a cada minuto se perde pouco a pouco

Aquilo que tanto guardei junto ao meu corpo

Deixará de existir como as minhas memórias

Aflijo-me frente a tal certeza

Que como a morte permeia a todas as almas terrenas

Mas como poderia viver em sofrimento

Se está se desfazendo nesse exato momento?

O que tenho de lembrar?

Será que tenho de lembrar?

Por que estou despido nesse lugar?

Não tenho mais roupas e nem vivências para recordar..