P. S.

Tantos anos mais tarde,

Vejo que aquele sentimento

Transformou-se em papel envelhecido,

Que amarelou de tanto esperar.

Vejo que tantas noites não dormidas,

Tantas lágrimas vertidas,

Tanta emoção represada,

Foram acumulando a gaveta do tempo,

Preenchendo algum armário,

Alguma prateleira, escondida pela timidez.

Tantos papéis empilhados e amarelados de espera;

Tantas expectativas sem expectador;

Tantas ilusões desiludidas;

Tantos anseios vencidos pelo cansaço.

Uma resma de cartas empilhando emoções,

Sentimentos e desilusões

Que jamais serão revelados,

Jamais serão concretizados,

Mas que também não serão queimados.

Estarão sempre lá,

Como testemunho mudo de um registro de tempo.

O amor cansa, mas não morre de cansaço;

Sobrevive silenciosamente latente,

escondido na memória do esquecimento.

P.S. O amor não desiste de existir.