Luz congelada

A dor aperta o peito, sufocando todos os sentimentos

Que antes estavam escondidos em infinitos labirintos

É tão brutal me ver nesse estado

Começo a borbulhar até me diluir em tudo

Escorro vermelha pelo chão frio

Sinto medo do escuro... da escuridão que vivo na minha mente

Não há movimento, nem cores, só a roda da ilusão

O Véu de Maya dançando no tempo sem tempo

Sem passado sem presente e sem futuro

Não há nenhuma dimensão

Apenas a linearidade eterna do sempre hoje

A ventania lá fora compõe uma canção de lamento

A saudade bate e o coração também

Gritos ecoam pelo ar denso e escuro

E aquelas velhas memórias perdidas se soltaram

Pensamentos flutuando

Meus olhos jogando para fora toda dor que sinto

Você agora distante, muito mais que antes.

Estou transe, girando, girando...

Você nem olhou para trás para dar o último adeus,

Ou o último olhar, para se despedir de mim

Novamente estou presa naquele looping de tristeza

Vou navegando em correntes profundas

Carregando os pesos da vida, os meus e os seus

E a saudade que trago comigo, sobre tantas coisas...

Vai despindo meu ego e me deixando vulnerável

Escuto a minha voz separada de mim

Quero ir pra casa, mas estou cheia de medo...

Começo a me diluir e sem fluir eu vou, vou...

Vou tendo a ilusão de individualidade separada da matéria

Dentro de mim preciso acalmar um furacão

Parar todos os loucos pensamentos por um instante

Sinto medo, é muito assustador

Este pavor me enterra viva

Eu não tenho coragem de me entregar,

Lentamente me arrasto feito luz congelada

E a partir daí eu começo a surtar

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 05/01/2021
Reeditado em 05/01/2021
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