SÚDITO CADUCO
Lavo as minhas mãos
com sabão de esquecimento
e contemplo rios
que passam dentro de mim.
Pretensioso,
provo cascas amarelo-melão
como se comer de um acre amargor
fosse mesmo sorver
fartos favos de amor.
No amiudar da noite,
as mariposas namoram
à luz da luminária
e através da claraboia do desejo,
vejo aglomerar nuvens de prazeres,
ais de contentamento
e brancos véus de encanto.
Soa em mim
uma profusão de passarinhos.
Escrevo poemas de vôos,
de cantares,
de aconchegar em ninhos.
Banho-me em lagos
onde habita a palavra espelho.
No escuro do esquecimento,
sou rei,
sultão,
eunuco.
Sou súdito caduco.