SÚDITO CADUCO

Lavo as minhas mãos

com sabão de esquecimento

e contemplo rios

que passam dentro de mim.

Pretensioso,

provo cascas amarelo-melão

como se comer de um acre amargor

fosse mesmo sorver

fartos favos de amor.

No amiudar da noite,

as mariposas namoram

à luz da luminária

e através da claraboia do desejo,

vejo aglomerar nuvens de prazeres,

ais de contentamento

e brancos véus de encanto.

Soa em mim

uma profusão de passarinhos.

Escrevo poemas de vôos,

de cantares,

de aconchegar em ninhos.

Banho-me em lagos

onde habita a palavra espelho.

No escuro do esquecimento,

sou rei,

sultão,

eunuco.

Sou súdito caduco.

Rodrigo Bro
Enviado por Rodrigo Bro em 20/01/2021
Código do texto: T7164094
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