Folha Morta

Eu sou a folha que cai no chão

Expulsa da árvore,

Escolhida a dedo pelo acaso,

Dormindo na quentura do asfalto

Que treme nas entranhas

Enchendo-a de medo.

Enquanto sente o calor

Queimar sua pele amarela,

Anseia o sopro do vento

Para levá-la ao anonimato daquela

Vazia viela.

Mas não tem vento.

E se não tem vento, o tempo

Carrega os carros que vêm

Passando no sinal verde.

- verde eram as outras

ainda presas na árvore,

antigas companheiras -

O vento não veio mesmo.

A pequena folha morreu no asfalto esmagada

E a visão do céu foi lhe foi tomada

Por pneus negros

De borracha.

André Espínola
Enviado por André Espínola em 30/10/2007
Código do texto: T716468
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