ainda que demore ressoaremos

é tudo cálice o olhar

a janela os sussurros

da chuva antes de cair

o silêncio na rua e mesmo

o cume da raiva fervendo

a vale da tristeza no escuro

cálice cálice cálice cale-se

e aprenda a chuva caindo

o vento gemendo o colchão

de nuvens respirando vírus vozes

desvario o tonto a guiar os cegos

para o abismo os mornos lavando

as mãos novamente as madalenas

sem se arrepender na busca

do novo barrabás gado de corte

ovelhas sem iniciativa "povo

marcado eh povo feliz"

e no pântano das almas

cérebros e corações sem uso

é tudo cálice e escuto

não estou sozinho

somos versos velejando

no infinito mar do poema

e ainda que demore

ressoaremos

Francisco Zebral
Enviado por Francisco Zebral em 06/03/2021
Reeditado em 06/03/2021
Código do texto: T7199627
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