Curitiba
Curitiba morena e polaca...
Flor pico-pico, língua de vaca,
carqueja do campo, carrapicho,
mate, camomila, erva-de-bicho.
Nasce aqui um poeta polaco
e dona Helena planta o seu taco.
Curitiba, menina bonita,
fez a Gilda na Boca Maldita.
A mulher da cobra grita o bicho,
canta o sino do lixo não lixo.
Que o Barigui ao Iguaçu se una
com as águas do Rio Passaúna.
Curitiba da rua das flores
foi cupido de tantos amores.
Balão mimosa e raia bidê
no céu de agora ninguém mais vê.
Zequinha, a figurinha da bala,
ainda hoje lembranças regala.
Foi a moeda do gude e do bafo,
que às vezes findavam em sarrafo.
Curitiba de todas as gentes...
Por uma nota, a Guerra do Pente.
Viaje de expresso ou ligeirinho
de Santa Cândida ao Pinheirinho.
Vestem-na de ouro ipês-amarelos,
o manacá faz dias mais belos.
Pinha madura solta o pinhão,
nas noites frias sopa e quentão.
Cidade que me viu piazinho
de pés descalços no Pilarzinho,
juro que não é mero clichê:
ó Curitiba, eu amo você!
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N. do A. – Na ilustração, Paisagem de Theodoro de Bona (Morretes, PR, 1904 – Curitiba, PR, 1990).