FINAL DE PÁGINA.

Enterra-se as ações

em terra escura,

raízes buscando água,

mas os olhos não vê.

Num esquina qualquer

encerra-se uma vida,

o choro da perda

quem a de escutar?

Colossais promessas,

suntuosa hipocrisia,

ventilando pelas ruas

e batendo nas iris .

Morre caule.

raízes , folhas , frutos,

passos se encerram,

boca quer gritar,

mas o folego é curto.

Pão na mesa não há!

Criança chora , grita,

a dor desaba na mesa,

o pai desaba a alma...

casa , comida,

sonho de um povo,

lágrimas escorrem

em rio caudaloso.

A pátria é mãe

ou madrasta?

O poeta vê o mundo,

dependurado num

abismo.

Segue colocando

os pontos, ele grita,

o preço absurdo de tudo,

acaba morrendo mudo,

no final de uma página.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 30/03/2021
Código do texto: T7219948
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