O CUSPIDOR DE FOGO
há um dragão a pastar em minha alma –
preciso matar este dragão!...
[ele coiceia,
ele relincha,
e é dragão]
preciso matar este bicho que pasta no meu dentro –
bicho indomável –
que vomitará minha alma à fogo
mesmo no mais sereno dos meus momentos!...
[ele coiceia,
ele relincha,
e é dragão]
preciso contar a meus filhos,
a minha mulher,
e até aos amigos menos chegados,
que o dragão que pasta em minha alma
rumina um ódio de dragão;
e, saciado,
dragão ou não,
despejará um ódio de dragão!...
[cuidado]
muito cuidado àqueles que,
por fatalidade ou não,
tocar na minha alma em indignação
[todos morrerão]
se antes eu não matar as minhas mágoas,
que, por serventia,
só alimentam dragões.
(poema de Djalma Filho)
Escritório da Rua Belém, 166 – inverno de 2010.
(poema feito aos poucos, e só concluído bem distante de Guaíba)