O CUSPIDOR DE FOGO

há um dragão a pastar em minha alma –

preciso matar este dragão!...

[ele coiceia,

ele relincha,

e é dragão]

preciso matar este bicho que pasta no meu dentro –

bicho indomável –

que vomitará minha alma à fogo

mesmo no mais sereno dos meus momentos!...

[ele coiceia,

ele relincha,

e é dragão]

preciso contar a meus filhos,

a minha mulher,

e até aos amigos menos chegados,

que o dragão que pasta em minha alma

rumina um ódio de dragão;

e, saciado,

dragão ou não,

despejará um ódio de dragão!...

[cuidado]

muito cuidado àqueles que,

por fatalidade ou não,

tocar na minha alma em indignação

[todos morrerão]

se antes eu não matar as minhas mágoas,

que, por serventia,

só alimentam dragões.

(poema de Djalma Filho)

Escritório da Rua Belém, 166 – inverno de 2010.

(poema feito aos poucos, e só concluído bem distante de Guaíba)

Deja Filho
Enviado por Deja Filho em 11/04/2021
Reeditado em 20/04/2021
Código do texto: T7229486
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